Link para artigo anterior que faz referência a Martinho Lutero: Polêmica! O "Lado B" dos Heróis da Fé. (blogsadoutrinachannel.blogspot.com)
Martinho Lutero (1483-1546), em obra de
Lucas Cranach, O Velho.
Graça e Paz.
Há quem afirme, categoricamente, que o reformador alemão Martin Luther (conhecido como Martinho Lutero, nos países de língua portuguesa) teria alterado a Bíblia Sagrada.
Quem acompanha nossos artigos, sabe muito bem que esse personagem histórico foi, no mínimo, controverso.
Todavia, será que ele também cometeu esse erro?
Lutero traduziu a Bíblia Sagrada para o alemão, sua língua pátria, tendo a versão completa sido lançada em 1543, com sua divulgação ajudada pela imprensa, inventada por Leonardo Gutemberg.
Obviamente, toda tradução está sujeita a erros, ainda mais quando línguas tão diferentes das principais línguas ocidentais, quanto o hebraico, o aramaico e o grego; tarefa que se torna ainda mais árdua e ingrata, se lembrarmos que estes três idiomas estão em suas formas da antiguidade, que não são idênticas às atuais, só para dificultar ainda mais suas traduções.
Como já diziam os antigos romanos: tradução é traição.
Sim, também estamos nos referindo a traduções antigas da Bíblia em português, sejam as católicas (ex: Padre Antônio de Figueiredo) ou as evangélicas (ex: João Ferreira de Almeida), em suas versões mais antigas.
Ilustração de um monge tradutor e copista (Jean Miélot, que foi, também, secretário do Rei Filipe III, de Borgonha), em arte por Jean Tavernier.
A evolução das técnicas de tradução, bem como as descobertas arqueológicas de porções e ou textos inteiros ou mesmo livros inteiros da Bíblia, nas línguas originais, trouxeram mais material para ser usado pelos atuais tradutores da Palavra, coisa que os antigos nem sequer imaginavam que haveria, algum dia.
Mesmo Lutero conhecendo as línguas originais e sendo um doutor em teologia, não significa que sua tradução fosse perfeita. Perfeito é só Deus.
Assim, sugerimos que as traduções mais recentes (com as evidentes exceções das paráfrases e daquelas em linguagem simplificada) sejam utilizadas, pelos nossos fiéis leitores, sejam eles protestantes, católicos ou mesmo pessoas que pratiquem ou não (ateus e agnósticos) outras formas de crença.
Voltamos, porém, à pergunta que não quer calar: Lutero alterou a Bíblia Sagrada?
Catarina de Bora (Katharina von Bora / 1499-1552), que foi esposa de Martinho Lutero, em obra por
Lucas Cranach, O Velho.
Lutero fez doutorado em teologia e conhecia as línguas originais da Bíblia, o que já ajuda bastante.
Durante a graduação e o Ph.D, certamente aprendeu alguma coisa sobre a cultura, a história e a geografia dos países mencionados no Antigo e no Novo Testamento.
Porém, Lutero era teólogo e não tradutor profissional, o que indica que faltavam-lhe certos conhecimentos técnicos necessários a essa árdua tarefa.
Não teve acesso, ainda, a uma equipe para auxiliá-lo, salvo engano, o que fez com que tal tradução da Bíblia Sagrada para a língua alemã, fosse "na raça", como se diz, popularmente.
Rainha Ester, em obra por
Edwin Long.
Lutero não adotou os chamados Escritos Deuterocanônicos (Compostos pelos seguintes livros: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e Baruque, bem como adições aos Livros de Ester e Daniel) em sua Bíblia, preferindo ater-se aos livros que compõe a chamada Bíblia Judaica ou Tanakh, em hebraico.
Assim, na Bíblia de Lutero, ela ficou com 39 livros, contra 46 (e as já mencionadas adições a Ester e Daniel) da versão Católica Romana.
E mais: pelo fato do Livro de Ester não mencionar, nenhuma vez, o nome de Deus, Martinho Lutero cogitou excluí-lo do Antigo Testamento, mas acabou mantendo-o.
Como este artigo não trata especificamente do cânon bíblico e de sua formação, através de concílios realizados nos primeiros séculos da Era Comum (ou Cristã, como preferirem), não entraremos em maiores detalhes sobre tal assunto.
Assim sendo, Lutero alterou a Bíblia Católica Romana (ao retirar dela os Escritos Deuterocanônicos), mas manteve-se fiel a ela, no Novo Testamento e, igualmente, manteve-se fiel à Bíblia Hebraica, no que se refere ao Antigo Testamento.
Sobre a questão dos livros deuterocanônicos (que alguns denominam apócrifos), ela será abordada, em artigos posteriores.
Graça e Paz.
Missionário Clóvis Marques Guimarães Júnior, do Ministério Cristão Sã Doutrina Channel.
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